DANIEL FAGUS KAIROZ
dourado
O dourado entrou no meu trabalho como um raio
desde 2011 se impôs nas minhas obras
enquanto cor-limite
cor-luz
não o ouro mas o dourado
- deixemos o ouro nas profundezas da terra -
sem ignorar q o dourado invoque o ouro
mas repito - deixemos o ouro no profundo da terra
desde 2011 começaram a aparecer no meu caminho inúmeros e pequenos objetos dourados
muitos deles levava comigo
outros apenas fotografava
tornou-se uma verdadeira obsessão fotografar aparições douradas em meio ao cotidiano
- diz-se o óbvio luxo lixo poema do augusto e mais -
uma alquimia das banalidades do mundo
densas matérias recobertas por uma fina película dourada
como em um acelerador de partículas a matéria se aproxima da luz
o maracá do pajé é um acelerador de partículas
velocidade limite q abre portais para outros mundos
através do dourado
D'us pode operar nesse nosso denso mundo
profundas limpezas do q há de mais etéreo no denso
de 2011 a 2013 trabalhei em um poema
cujos versos
materiais dos mais diversos cobertos de dourado
ou também desses objetos do nosso mundo industrial dourados já
metrificados conforme a arquitetura
uma expansão multidimensional do espaço através da infinita reverberação luminosa
em 2013 um poema sonoro dourado
também de limpeza para arquiteturas
uma busca por um som dourado
- golden noise -
a partir de uma estrutura composta por massas sonoras e silêncios
em conversa com os versos de ouro de pitágoras
a partir daí são inúmeros os trabalhos
as experimentações os caminhos
quadrados dourados complementando a noite do mundo sem objetos nem objetivos de Malevich
evocando a divina e humilde força do ícone frente ao suprematismo
lançando luz ao preconceito velado pelo gesto artístico
evocações da luz
invocações na matéria
fazendo da matéria portal
através do dourado pude retomar meu caminho espiritual
através da minha prática artística
minha fé e minha força